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Asonet Ocupacional

Por ano acontecem 700 mil acidentes de trabalho no Brasil

Atualizado: 8 de out. de 2020

acidentes de trabalho

Este número é chocante, não é? Por isso decidimos iniciar esta matéria com ele. Dentre suas causas estão a ausência de equipamentos de segurança, descuido e até mesmo exaustão. Estes dados alarmantes foram levantados pela Previdência Social e pelo Ministério do Trabalho.

O Brasil ocupa a 4ª colocação no ranking mundial de acidentes de trabalho. Fica atrás apenas da China, India e Indonésia. E mais: desde 2012, a economia já sofreu um impacto de R$ 22 bilhões com afastamentos do trabalho. Se fossem incluídos os casos de acidentes em ocupações informais, esse número poderia chegar a R$ 40 bilhões.

Segundo o Ministério da Fazenda, entre 2012 e 2016, foram registrados 3,5 milhões de casos de acidente de trabalho em 26 estados e no Distrito Federal. Estes casos geraram a morte de 13.363 trabalhadores e um custo de R$ 22,171 bilhões para os cofres públicos. Estes custos à Previdência Social compreendem auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente. Nos últimos cinco anos, 450 mil pessoas sofreram fraturas enquanto trabalhavam.

Atenção é necessária

Por lei, toda empresa precisa garantir a segurança de seus funcionários durante a execução de suas atividades. Mas, o trabalhador também precisa informar a ausência de equipamentos para realizar atividades perigosas. O gerente de Coordenação de Segurança no Processo de Trabalho da Fundacentro, José Damásio de Aquino, destaca que os números de acidentes laborais no Brasil são muito elevados. “O quadro é grave, pois, nos últimos anos, a quantidade de acidentes tem se mantido próxima de 700 mil por ano. É possível identificar queda de 2014 para 2015. Porém, a variação em apenas um ano é pouco para considerarmos que é uma tendência geral e que permanecerá pelos próximos anos”, explica.

Ele ressalta também que a situação pode ser mais agravante devido a quantidade de trabalhadores sem registro. “É importante frisar que os dados sobre acidentes de trabalho, disponibilizadas pela Previdência Social, cobrem apenas os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que representam cerca de 70% da População Economicamente Ativa (PEA). Assim, podemos considerar que há uma subnotificação nos acidentes, pois muitos trabalhadores, especialmente os informais, não entram nas estatísticas”, completa o pesquisador.

Campeões

As áreas que mais registram acidentes de trabalho no brasil são a construção civil e serviços. Na construção, o último dado sobre óbitos é de 2009, quando 395 trabalhadores morreram em serviço. Vale lembrar que este número é bem maior. Isso porque, em alguns casos, a certidão de óbito não consta a casa da morte e o local. No setor de serviços, as maiores vítimas de acidentes de trabalho ou incapacidade são os motoristas profissionais, com destaque para condutores de caminhões e carretas. De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, desde 2010, ocorrem, em média, 15 mil acidentes envolvendo motoristas do transporte de cargas, com 1,5 mil mortes por ano.

Monitoramento em tempo real

Uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) resultou em uma ferramenta que monitora em tempo real os dados sobre acidentes de trabalho no Brasil. O Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho informa pela internet a quantidade de acidentes, com mapa sobre as regiões onde mais ocorrem, custos para a Previdência Social e tipos de acidentes.

Segundo o Observatório, nos últimos cinco anos, 544 mil pessoas sofreram cortes e lacerações corporais em decorrência de acidentes de trabalho. Um dos criadores do site é o oficial de Projeto da OIT, Luis Fujiwara. Ele destaca que estas informações são importantes para criação de políticas públicas que visem a redução de acidentes de trabalho.

“Praticamente todos os acidentes de trabalho no Brasil poderiam ser evitados. Os números de ocorrências e de pessoas que ficam inválidas ou precisam de auxílio-doença são altíssimos. Isso tudo gera um prejuízo bilionário para a economia. Estimamos, que se forem contabilizados os números de empregos informais, o custo dos acidentes chega a R$ 40 bilhões”, revela.

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